Tese:
“Para
ensinar precisamos ter em mente que o homem é produto do meio; o meio
transforma o aluno, prepara o aluno para o mundo, pois o conhecimento é o
resultado direto da experiência”.
Argumentação:
A referida tese tem por finalidade abordar as questões de aprendizagem do ser humano, onde afirma que: “Para
ensinar precisamos ter em mente que o homem é produto do meio; o meio
transforma o aluno, prepara o aluno para o mundo, pois o conhecimento é o
resultado direto da experiência”.
De
acordo com a ideia central da tese, é reconhecido que o “meio” em que
os educandos estão inseridos, realmente exercem um papel fundamental na
construção do saber, pois o conhecimento que eles já trazem
intrinsecamente embutidos promovem a busca de novos saberes que
resultaram da experiência vivenciada pelos indivíduos.
Assim como na Tendência Progressista “ Crítico social dos conteúdos” apresentada por José Carlos Libâneo em seu livro - Democratização da Escola Pública onde afirma que :
“A
difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos,
mas vivos, concretos e, portanto, indissociáveis das realidades sociais.
A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o
melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria
escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la
democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro
dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que
define uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes
histórico-sociais, a função da pedagogia "dos conteúdos" é dar um passo à
frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições
existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses
populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos
conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos.
Entendida nesse sentido, a educação é "uma atividade mediadora no seio
da prática social global", ou seja, uma das mediações pela qual o aluno,
pela intervenção do professor e por sua própria participação ativa,
passa de uma experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética)
a uma visão sintética, mais organizada e unificada”.(Libâneo,1985)
Diante
desses argumentos, percebe-se que o professor deve ser apenas um
mediador entre o aluno e a construção do seu conhecimento, fazendo com
que cada educando aproveite tudo o que trouxe consigo enraizado,
experiências do seu convívio histórico-social e seja capaz de relacionar
com cada conteúdo estudado, assim, aos poucos um olhar crítico e
reflexivo será construído transformando a visão de mundo que antes
possuíam.
Ao
citar Libâneo, onde o conhecimento é democratizante
que o sujeito é o produto do meio, há um cuidado com a atuação do
professor quando multiplicador de saberes e na produção de conhecimento . Essa
preocupação deriva de produzir nas escolas seres pensantes, críticos ,
auxiliando-os a ultrapassar os estereótipos e pressões difusas e
alienantes das ideologias dominantes.
Como sintetiza Snyders ao mencionar o papel do professor:
“Trata-se,
de um lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos, ligando-os com a
experiência concreta dele - a continuidade; mas, de outro, de
proporcionar elementos de análise crítica que ajudem o aluno a
ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões difusas da
ideologia dominante - é a ruptura.”( Snyders, 1974)
Assim, pode-se entender que o conhecimento resulta de trocas que se
estabelecem da interação entre o meio (cultural, social e histórico) e o
sujeito, onde o professor se torna apenas um agente mediador e pesquisador, fazendo
com que sua prática pedagógica, seja pautada na troca de experiências e
na participação ativa dos educandos no processo de ensino-aprendizagem.
Dessa forma, o aluno se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados pelo professor ampliando sua própria experiência.
Snyder em seu livro “ Alegria na Escola” reforça:
“É
preciso reconhecer realmente que a escola é de início lugar de
divergência entre as maneiras de ser: do professor aos alunos, desacordo
de idade, de formação, de gostos; corre-se o risco de que o professor
esteja voltado para seu passado que justifica enquanto que os alunos
estão voltados para o futuro [...] “(SNYDERS, 1988 p. 216).
De
acordo com esse pensamento, nota-se a preocupação de se atrelar a
realidade vivenciada pelo meio em que os alunos estão inseridos , com
aquilo que é transmitido pela escola, fazendo com que os envolvidos no
contexto educacional possam ter prazer em estudar, tendo a escola como
local de produção de conhecimento, quebras de paradigmas para assim,
poder construir novos olhares acerca da tudo o que os cerca,
principalmente sobre a sociedade na qual estão diretamente inseridos,
tornando-se seres críticos e pensantes, não aceitando nada como “pronto e
acabado”, mas sim como ponto de partida para novas concepções.
Referências Bibliográficas
SNYDERS, George. Para onde vão as pedagogias não-diretivas? Lisboa,
Moraes, 1974a.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública – A pedagogia
Crítico-social dos Conteúdos. 19º ed. Editora Loyola, 1985.
SNYDERS, George. A Alegria na Escola. São Paulo, Editora Manole, 1988.