terça-feira, 17 de março de 2015

Atividade - Debatendo teses

Tese:
Para ensinar precisamos ter em mente que o homem é produto do meio; o meio transforma o aluno, prepara o aluno para o mundo, pois o conhecimento é o resultado direto da experiência”.

Argumentação:

A referida tese tem por finalidade abordar as questões de aprendizagem do ser humano, onde afirma que: “Para ensinar precisamos ter em mente que o homem é produto do meio; o meio transforma o aluno, prepara o aluno para o mundo, pois o conhecimento é o resultado direto da experiência”.
De acordo com a ideia central da tese, é reconhecido que o “meio” em que os educandos estão inseridos, realmente exercem um papel fundamental na construção do saber, pois o conhecimento que eles já trazem intrinsecamente embutidos promovem a busca de novos saberes que resultaram da experiência vivenciada pelos indivíduos.
Assim como na Tendência Progressista “ Crítico social dos conteúdos” apresentada por José Carlos Libâneo em seu livro - Democratização da Escola Pública onde afirma que :

A difusão de conteúdos é a tarefa primordial. Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da pedagogia "dos conteúdos" é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é "uma atividade mediadora no seio da prática social global", ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais organizada e unificada”.(Libâneo,1985)

Diante desses argumentos, percebe-se que o professor deve ser apenas um mediador entre o aluno e a construção do seu conhecimento, fazendo com que cada educando aproveite tudo o que trouxe consigo enraizado, experiências do seu convívio histórico-social e seja capaz de relacionar com cada conteúdo estudado, assim, aos poucos um olhar crítico e reflexivo será construído transformando a visão de mundo que antes possuíam. 
Ao citar Libâneo, onde o conhecimento é democratizante que o sujeito é o produto do meio, há um cuidado com a atuação do professor quando multiplicador de saberes e na produção de conhecimento . Essa preocupação deriva de produzir nas escolas seres pensantes, críticos , auxiliando-os a ultrapassar os estereótipos e pressões difusas e alienantes das ideologias dominantes. 
 
Como sintetiza Snyders ao mencionar o papel do professor:

Trata-se, de um lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos, ligando-os com a experiência concreta dele - a continuidade; mas, de outro, de proporcionar elementos de análise crítica que ajudem o aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões difusas da ideologia dominante - é a ruptura.”( Snyders, 1974)

Assim, pode-se entender que o conhecimento resulta de trocas que se estabelecem da interação entre o meio (cultural, social e histórico) e o sujeito, onde o professor se torna apenas um agente mediador e pesquisador, fazendo com que sua prática pedagógica, seja pautada na troca de experiências e na participação ativa dos educandos no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, o aluno se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados pelo professor ampliando sua própria experiência.
 
Snyder em seu livro “ Alegria na Escola” reforça:

É preciso reconhecer realmente que a escola é de início lugar de divergência entre as maneiras de ser: do professor aos alunos, desacordo de idade, de formação, de gostos; corre-se o risco de que o professor esteja voltado para seu passado que justifica enquanto que os alunos estão voltados para o futuro [...] “(SNYDERS, 1988 p. 216).

De acordo com esse pensamento, nota-se a preocupação de se atrelar a realidade vivenciada pelo meio em que os alunos estão inseridos , com aquilo que é transmitido pela escola, fazendo com que os envolvidos no contexto educacional possam ter prazer em estudar, tendo a escola como local de produção de conhecimento, quebras de paradigmas para assim, poder construir novos olhares acerca da tudo o que os cerca, principalmente sobre a sociedade na qual estão diretamente inseridos, tornando-se seres críticos e pensantes, não aceitando nada como “pronto e acabado”, mas sim como ponto de partida para novas concepções.

Referências Bibliográficas

SNYDERS, George. Para onde vão as pedagogias não-diretivas? Lisboa,
Moraes, 1974a.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública – A pedagogia
Crítico-social dos Conteúdos. 19º ed. Editora Loyola, 1985.

SNYDERS, George. A Alegria na Escola. São Paulo, Editora Manole, 1988.